Gatilhos
O que te faz levantar da cama sem saber o motivo?
Um livro, um medo, um sonho repetido?
Você corre por quê? Você para por quê?
Tem resposta ou só cansaço pra oferecer?
No fundo, ninguém é neutro
Só escolhe onde mergulhar
Uns leem pra entender o mundo
Outros pra não lembrar
O que te faz pensar?
O que te faz calar?
Quem acende tua faísca
E depois te faz queimar?
Tem gatilho que desperta,
Tem gatilho que enlouquece
Qual deles
É o que te enfraquece?
Tem quem ache sentido na dor que repete
E quem fuja da luz quando ela reflete
Cada um com seus portais, suas rotas, seus disfarces
Uns constroem catedrais
Outros destroem as partes
A mente viaja longe
Mas volta pro mesmo lugar
Talvez o que nos comove
Também sirva pra travar
O que te faz pensar?
O que te faz calar?
Quem acende tua faísca
E depois te faz queimar?
Tem gatilho que desperta,
Tem gatilho que enlouquece
Qual deles
É o que te adormece?
É poesia ou anestesia?
É coragem ou fantasia?
Será que refletir demais
Também é uma forma de fugir?
O que te faz pensar?
O que te faz calar?
Quem acende tua faísca
E depois te faz queimar?
Tem gatilho que desperta,
Tem gatilho que enlouquece
Qual deles
É o que te merece?
Qual deles…
É o que te merece?
A canção "Gatilhos" parte da essência humana de buscar sentido — e do paradoxo de que essa mesma busca, muitas vezes, se transforma em fuga. Cada pessoa é movida por algo único: uma memória, uma arte, um silêncio, uma dor. Mas o que nos movimenta também pode nos dominar. A canção investiga esse território instável onde estímulo e anestesia se confundem. O gatilho que desperta a consciência é o mesmo que pode nos paralisar diante dela. O que nos faz refletir sobre o mundo, muitas vezes, também nos faz esquecer sua complexidade
A letra mergulha nesse ciclo entre impulso e consequência, provocando o ouvinte a identificar quais são os seus próprios gatilhos — aqueles que revelam, escondem, inflamam ou apagam partes de si. Ao trazer três variações no refrão, "Gatilhos" se recusa a oferecer respostas prontas. Ela reconhece que o que enfraquece um, adormece outro, e pode, ao fim, até merecer alguém. A canção é, acima de tudo, um convite à consciência: do que nos atravessa, do que nos molda e do que escolhemos esquecer.